Geologia

Os quartzitos são as rochas mais comuns na parte alta Serra do Cipó. São rochas metassedimentares que se relacionam com ambientes de sedimentação marinha, sendo que o atual conhecimento geológico da região lhes atribui idade aproximada equivalente a 1,8 bilhões de anos.

Algumas áreas apresentam evidências do movimento das águas no proterozóico. São essas marcas de ondas ou ondulações nas rochas, chamadas ripple marks, que permitem aos geólogos avaliar o sentido das correntezas e a profundidade das águas de um oceano tão primitivo. Certamente essas rochas por sua antiguidade não possuem fósseis, inclusive devido às altas pressões e temperaturas que sofreram durante a fase do metamorfismo.

A feição atual da serra é produto de inúmeros fenômenos, inclusive dobramentos, falhamentos e sobretudo milhões de anos de um ininterrupto trabalho erosivo. Não há quem visite a serra e não fique intrigado com todas aquelas rochas apontadas para a mesma direção. Trata-se de uma evidência direta de grandes dobramentos, ou seja, camadas de quartzitos com centenas de metros de espessura que foram dobradas numa extensão de muitos quilômetros. Para um geólogo pode-se tratar de fenômeno comum, entretanto para um turista menos informado o fato das rochas apresentarem tal característica certamente parece algo estranho e misterioso.

Na formação do atual aspecto da serra, importante como os dobramentos das camadas de rocha e o processo erosivo, são os denominados falhamentos. Trata-se do deslocamento de grandes blocos de camadas fraturadas que formam as escarpas onde se encontram a maioria das cachoeiras da região. Essas cachoeiras não são eternas, com o tempo a erosão as transforma em simples corredeiras ou cânions. A presença de corredeiras já decorre da sucessão de pequenas falhas que cortam um determinado curso d’água.

Na parte baixa da serra, em torno dos 1.000 metros, o quartzito perde sua hegemonia. Nessa quota predomina a rocha calcária, mármores e calcários pertencentes ao grupo Bambuí, com idade aproximada de 900 milhões de anos e originadas da deposição química de carbonato de cálcio em ambiente de sedimentação marinho pré-cambriano. Muito parecido com o que ocorre em Lagoa Santa, essa formação calcária é rica em cavernas, abrigos sobre rochas e paredões. E interessante observar que abaixo do lençol freático o processo de dissolução continua formando grandes cavidades, que entretanto só irão surgir após o rebaixamento do relevo pela erosão.